Wednesday, November 15, 2006

A Morte

"É inenarrável o peso que a morte exerce sobre mim, todos os dias acordo e adormeço com a inabalável certeza de que algures num instante próximo ou distante vou morrer.
Se bem pensado, é um facto curioso, como posso ter eu a certeza da morte se nunca morri e nunca vi ninguém morrer, se nunca senti a morte, se não sei o que ela é?
Desde pequeno que me ensinam a ter medo da morte, e na verdade pouco ou nada sei sobre ela, é um episódio que se me afigura perfeitamente abstracto, no entanto, tenho-o consciente a todo o instante, vivo em função dele, condiciono toda a minha vida em seu redor.
A morte acaba então por ser uma fé, um acreditar em algo que não existe, acreditar em algo para o qual fui influenciado tremendamente.
Ora esta influência pode ser, e é, potencialmente nefasta em alguns sentidos, nunca saberei o que é viver sem temer a morte, sim porque as fés são todas temores. Por vezes desejo ardentemente nunca ter sido corrompido com esse conceito de MORTE, desejo viver livremente na eminência de estar no meu último e primeiro tempos em simultâneo.
Se não temesse a morte estou certo que viveria de uma forma muito mais natural e instintiva, que serviria muito melhor a minha própria pessoa do que o que sirvo."



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