Para me relembrar nao sei bem o que...
Confissão
Florbela Espanca
Aborreço-te muito. Em ti há qualquer coisa
De frio e de gelado, de pérfido e cruel
Como um orvalho frio num tampo de uma lousa
Como em doirada taça algum amargo fel.
Odeio-te também. O teu olhar ideal
O teu perfil suave. A tua boca linda
São belas expressões de todo humano mal
Que inunda o mar e o céu e toda a terra infinda.
Desprezo-te também quando ris e falas
Eu fico a pensar no mal que tu calas
Dizendo que me queres em íntimo fervor.
Odeio-te e desprezo-te aqui toda a minha alma
Confesso-te a rir muito serena e calma
Ah, como eu te adoro, como eu te quero, amor.
Florbela Espanca
Aborreço-te muito. Em ti há qualquer coisa
De frio e de gelado, de pérfido e cruel
Como um orvalho frio num tampo de uma lousa
Como em doirada taça algum amargo fel.
Odeio-te também. O teu olhar ideal
O teu perfil suave. A tua boca linda
São belas expressões de todo humano mal
Que inunda o mar e o céu e toda a terra infinda.
Desprezo-te também quando ris e falas
Eu fico a pensar no mal que tu calas
Dizendo que me queres em íntimo fervor.
Odeio-te e desprezo-te aqui toda a minha alma
Confesso-te a rir muito serena e calma
Ah, como eu te adoro, como eu te quero, amor.
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